Depois de 100 dias enviando dados e imagens do planeta vermelho e após várias excursões no solo de Marte e fotos enviadas, os rovers (veículos robóticos) Perserverance (EUA) e Zhurong (China) entraram na muda, e só voltará a se comunicar com a Terra no final de outubro.
Apesar da enorme publicidade da chegada do rover Perserverance no solo do planeta vermelho, a China também alcançou a façanha. Batizado com o nome de um antigo deus chinês do fogo, o Zhurong surpreendeu o mundo ao pousar em maio, com a China conseguindo, na sua primeira missão espacial a Marte.
O orbitador que o transportou seguiu em torno de Marte e fazendo o elo com o centro de controle espacial chinês, funcionando como uma estação retransmissora.
Antes que alguém pense que o rover Zhurong está com algum problema complicado, vamos esclarecer que desde 13 de setembro foram postos em modo de segurança por 50 dias, por causa de um fenômeno astronômico conhecido como conjunção solar.
A cada dois anos, Marte fica no lado oposto do Sol à Terra, tornando os dois planetas temporariamente invisíveis um para o outro. A radiação eletromagnética do sol pode afetar muito a comunicação entre o rover, o orbitador e o controle da Terra.
O que significa que todas as espaçonaves em Marte e na órbita de Marte durante a conjunção solar, incluindo os rovers da Nasa Curiosity e Perseverance, são afetadas.
Caso o rover enviasse sinais de volta, partículas carregadas do sol poderiam interferir, causando lacunas nos dados enviados para a Terra.
Pior ainda, os comandos da Terra para o rover podem ser danificados, o que pode resultar em orientação distorcida para a espaçonave e o rover, e até mesmo levá-los a situação de perigo.
Os dois pausaram as atividades e seguem realizando autonomamente checagens de integridade, automonitoramento e resolução de problemas, até que a comunicação possa ser restaurada.
A propósito, será que não há alguma maneira de manter a comunicação com Marte durante este período? Há sim, um satélite pode resolver o problema.
É o caso da missão lunar chinesa Chang’e-4, que pousou no lado oposto da Lua. Mas a comunicação ficou mantida porque foi lançado um satélite retransmissor que opera como um elo de comunicação entre a Terra e a sonda.
Quanto às missões a Marte, se um satélite retransmissor fosse implantado fora do alcance da radiação solar, ele poderia realizar essa mesma função, mantendo a comunicação Marte-Terra.
Agora é esperar até o final de outubro, para as comunicações serem restauradas e os rovers e satélites que estão em Marte nos trazerem mais dados para as muitas perguntas que temos sobre o planeta vermelho. Boas Férias, Zhurong e Perserverance. Até lá, nada das selfies direto de Marte, com que já estávamos nos acostumando.
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