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Foto do escritorArtur Freitas

Física por toda parte

É possível enxergar a física em toda parte? Provavelmente sim. Sabemos que a Física está em toda as partes. Na culinária, na observação de estrelas e na visita a alguns lugares. Salto, próximo a Itu/SP, é um museu a céu aberto. A cidade é cortada pelo rio Tietê e é o local onde deságua o rio Jundiaí.


Lá se encontra um memorial para o rio que resgata sua história e hoje se encontra em reforma, já que em fevereiro de 2020 uma cheia destruiu a instalação. Apesar disso, o memorial conta com um parque muito arborizado com esculturas e retratos históricos. Próximo ao memorial, há um elevador panorâmico em que é possível ver a cidade inteira. Também existe em Salto o parque de Lavras construído ao redor das ruínas de uma hidroelétrica abandonada desde a década de 50 do século passado.

A primeira coisa que chama atenção na visita à cidade é a velocidade do rio dentro da cidade. O desnível do solo e as quedas d’água contrastam com a aparência estática que o rio tem na cidade de São Paulo.



Em consequência, essas quedas revelam o esgoto doméstico e o descarte de produtos químicos ao longo do seu curso até Salto. Os saponáceos despejados formam espessas espumas quando as águas batem nas pedras ao longo das quedas. Claro que isso é uma triste constatação da falta de tratamento de água e esgoto que poderia dar vida ao rio, mas também pode dar gatilho a uma bela discussão sobre cinemática.

Relógio de Sol no parque de Lavras

O parque de Lavras é outro local que vale a visita. Protegido por um imenso monumento de 30 metros de altura em homenagem à nossa senhora de Monte Serrat, temos na entrada da cidade um relógio de Sol (infelizmente chegamos em péssimo horário). A posição e ângulo em relação ao solo permite identificar a hora e a estação do ano em que estamos.



Acumulo de lixo nas ruinas da hidroelétrica do rio Tietê.

Caminhando pelo parque, podemos ter outras visões do rio Tietê (uma parte mais calma e sem espuma) e as ruínas de uma antiga hidroelétrica, inaugurada em 1906 e que funcionou até 1956. As ruínas são constantemente inundadas pelas cheias do rio Tietê, que já chegou a desativar a usina por 7 anos devido a uma cheia em 1929. No entanto, ainda é possível ver uma das turbinas e o sistema de canalização de água ao seu redor.


As hidroelétricas têm funcionamento que pode ser entendido com um dos nossos experimentos (motor gravitacional). É necessário entender sempre que a energia não é criada. Ela é sempre transformada. O nosso experimento transforma energia potencial em energia cinética. Uma hidroelétrica continua esse processo, transformando a velocidade da água em energia elétrica.



Essa usina forneceu inicialmente energia para a cidade de Itu e posteriormente, ajudou a iluminar Salto. Para que ela volte a funcionar, é necessário muita coisa. Uma delas é a limpeza do rio. As pás dos geradores não conseguiriam conviver com tantas garrafas PET encontradas nas margens do rio Tietê, em Salto.


Ruinas da antiga hidroelétrica de Salto.

A todo momento foi possível enxergar a Física na visita a Salto. Observar a natureza e descrever o que nos cerca pode trazer gatilhos para iniciar discussões em sala de aula. Com a observação, vem a identificação de um problema e quem sabe uma solução. Essa mentalidade é o grande salto para um ensino mais significativo.

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