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Manifesto por mais laboratórios de ciências

Atualizado: 12 de ago. de 2021

A base dos avanços científicos sempre foi o pensamento indutivo e dedutivo, possibilitados pela observação/experimentação, formulação de hipóteses e construções teóricas. Todavia, essa forma de construção de conhecimento não se faz presente quando o ensino de ciências é apresentado aos estudantes. Ao encontrarem em contato com o conhecimento científico, os educandos são meros espectadores, em grande medida, a educação científica se resume a representação teórica: gráficos, equações, resolução de exercícios e repetição de conceitos prontos.

Uso de microscópios nas escolas

É aí que entra a questão do aprender fazendo e vendo, refazendo, tirando conclusões. Se encantando, aprendendo, exercitando a curiosidade: laboratórios nas escolas!

Mas apesar de uma lei de 2009 ter tornado obrigatória a existência de laboratórios nas escolas de ensino básico do Brasil, segundo dados do último Censo do MEC apenas 44% das escolas de ensino médio têm laboratórios de ciências! Se considerarmos somente as escolas públicas, são apenas 32,2% das instituições.

A consequência disso é a redução no interesse dos estudantes por Física, Química e Biologia. A realização de experimentos científicos não só facilita o aprendizado, mas também aumenta os vínculos dos alunos com essas matérias. Embora a falta de estrutura das escolas, sobretudo as públicas, dificulte e às vezes até impossibilite a realização desse tipo de experimento.

Os Institutos Federais são a exceção nessa estatística, com 73% das unidades com laboratórios de Ciências, e não é coincidência que são essas as escolas públicas com melhores resultados no ENEM.

Nos países com as melhores avaliações no PISA em Ciências, as aulas práticas em laboratório de Ciências são parte obrigatória do currículo escolar. Na Finlândia, por exemplo, além dos laboratórios dentro das escolas o governo criou o sistema LUMA, através do qual as Universidades Públicas organizam atividades de experimentação científica nas escolas de suas regiões, desde as séries iniciais do ensino fundamental.

No Brasil é preciso aprender com experiências positivas de outros países para que possamos fortalecer o ensino de Ciências, melhorando o aprendizado e aumentando o interesse dos estudantes. E – claro - investir na infraestrutura das escolas e no apoio à capacitação dos professores.

Enquanto isso não se resolve, não devemos abrir mão da realização de experimentos mais simples, que possam ser realizados nas salas de aula comuns. Já é um começo, para uma nova postura.

Na área da Física, especificamente, é possível em nível de ensino básico realizar experiências que dependem de equipamentos de custo acessível e fácil operação e têm um enorme significado.

Outro debate que está muito presente hoje nos países mais desenvolvidos é como evitar que o excesso de preocupação com o processo de avaliação faça com que os professores acabem dispensando pouco tempo para a experimentação científica.

Com o noticiário tomado por termos como impressão 3D, energia renovável, robótica, computação quântica, Inteligência Artificial e veículos autônomos – um mundo de mudanças, onde a palavra inovação está em pauta – não há porque hesitar em tornar a Ciência acessível e presente na vida das crianças e jovens, no dia a dia das nossas escolas.


Representação de experimento de ciências
Representação artística de experimento de ciências

Texto escrito pela colaboradora do site Ana Luiza Freitas

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